A 12ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Juventude (Conjuve) terminou na última quarta-feira (20), com a eleição dos conselheiros que ocuparam os cargos de presidente e vice-presidente no biênio 2008/2009. Para presidente, foi eleito o secretário-adjunto da Secretaria Nacional de Juventude, Danilo Moreira, e para vice-presidente, a representante da entidade de apoio Ação Educativa, Maria Virginia de Freitas, a Magi.
Danilo (à dir.) fala na conferência de Corumbá (MS)
A última gestão foi presidida pela sociedade civil, tendo o governo na vice-presidência. Nesta quarta a dúvida era se o governo voltaria a assumir a presidência do Conjuve e a sociedade civil a vice-presidência. Com 25 votos favoráveis, 16 contrários e 20 abstenções, os conselheiros optaram pela volta do governo à presidência.
Os novos membros do Conjuve tomaram posse na última segunda-feira (18), durante cerimônia no Palácio do Planalto. O colegiado é composto por 60 integrantes, sendo 40 representantes da sociedade civil e 20 do governo, eleitos em assembléia para um mandato de dois anos.
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, e o secretário nacional de juventude, Beto Cury, estiveram no evento.
Durante dois dias os conselheiros discutiram a estratégia de trabalho para o segundo mandato do Conselho que, entre outras atribuições, propõe estratégias de acompanhamento e avaliação da política nacional de juventude; apoia a Secretaria Nacional de Juventude na articulação com outros órgãos da administração pública federal, governos estaduais, municipais e do Distrito Federal; promove estudos, debates e pesquisas sobre a realidade da juventude, contribuindo com a elaboração de políticas públicas, bem como apresenta sugestões e iniciativas que assegurem e ampliem os direitos da juventude brasileira.
“Temos um grande desafio pela frente, de fortalecer o Conselho como um espaço de participação onde dialoguem as diversas visões, movimentos e grupos que atuam por políticas de juventude. E fazer dele um espaço rico, de reflexão e formulação de políticas e, especialmente, de incidência. Tudo para cumprir a tarefa de contribuir para a elaboração, implementação e avaliação das políticas públicas para a juventude do país”, afirmou Magi.
Amplo apoio dos movimentos
Reflexo de uma longa trajetória no movimento juvenil do país, Danilo Moreira, mesmo representando o governo, foi eleito com o amplo apoio da sociedade civil organizada.
Aos 16 anos, Danilo iniciou sua militância no movimento estudantil secundarista, filiando-se mais tarde à União da Juventude Socialista (UJS), em Feira de Santana, na Bahia. Já na universidade, Danilo destacou-se entre as lideranças, tendo participado da direção da União Nacional dos Estudantes (UNE) de 1999 a 2003.
Já depois da UNE, Danilo atuou na elaboração do “Projeto Juventude” do Instituto Cidadania e, desde então, tem dado destacada contribuição no desenvolvimento de políticas públicas de juventude no governo federal. Entre as principais iniciativas de seu mandato na Secretaria Nacional de Juventude está a realização da 1º Conferência Nacional de Juventude, em andamento em todo país. A Magi é socióloga, mestre em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) e coordena o programa Juventude da Ação Educativa.
Confira abaixo entrevista com Danilo Moreira.
Vermelho - Mesmo representando o governo, você foi eleito com o forte apoio da sociedade civil organizada. Qual é o significado deste apoio?
Danilo - É o reconhecimento, para além da trajetória pessoal, da busca pelo diálogo permanente e aberto com todas as organizações da sociedade civil. Segundo pesquisa sobre a juventude latino americana, coordenada pela pesquisadora Regina Novaes, e apresentada durante o último encontro do Conjuve, o diferencial do governo Lula está sendo o espaço para a área de políticas de juventude. Então essa tem sido uma marca deste governo, o que certamente contou para que a sociedade civil confiasse ao governo a presidência do Conjuve.
Vermelho - A 1º Conferência Nacional de Juventude, principal desafio da Secretaria Nacional de Juventude, está entrando agora na sua etapa estadual. Quantas pessoas o processo de mobilização envolveu até o momento e qual tem sido a principal polêmica?
Danilo - Já participaram cerca de 150 mil pessoas de todo o processo até o momento. Com a flexibilização do formato desta conferência, inovando com a possibilidade de conferências livres, muita gente tem participado. Os temas polêmicos variam muito de local para local, mas sem dúvida a questão da educação, do trabalho e da redução ou não da maioridade penal são os mais presentes. Agora mesmo acabou de acontecer a Conferência Municipal de Corumbá (MS) e foi muito interessante porque lá o principal tema foi saúde. O pessoal está propôs que o Ministério da Saúde implemente um ''disque-saúde'' para a juventude, já que permanece entre os jovens a escassa informação e acesso a esse serviço com recorte juvenil.
Vermelho - O Conjuve é uma importante conquista da juventude no governo Lula. No seu mandato qual será o principal desafio?
Nosso mandato é de um ano, então temos dois grandes desafios. No primeiro semestre o objetivo é intensificar o processo de mobilização da 1º Conferência Nacional de Juventude, da qual o Conjuve é co-organizador com a Secretaria. Agora se iniciam as etapas estaduais e queremos tranformá-las em grandes palcos sobre o debate de políticas públicas de juventude nos estados. Já no segundo semestre nosso desafio é garantir que durante as eleições municipais a pauta de juventude entre nas plataformas de govenos de todos os candidatos a prefeito e vereadores. O sentido geral deste mandato será tornar a pauta de políticas de juventude algo irreversível. Temos que reafirmar essa pauta no âmbito institucional, assim independente dos ventos garantiremos mais políticas, direitos e participação para a juventude brasileira.
Da redação, com agências
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